A alma do mundo

#021 - A Terra como um ser vivo

Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025. 11:40 p.m.

Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

A Alma do Mundo e a Terra como um ser vivo

Essa semana estive arquivando notas sobre o livro O Alquimista, de Paulo Coelho, revisitando o que é a “Lenda Pessoal” e a “Alma do Mundo”.

Segundo o autor, a Lenda Pessoal é aquilo que sempre desejou fazer, e, especialmente na juventude, todos nós sabemos o que é. Eu gosto desse nome pois traz como se fosse uma odisséia, algo que está para além do eu terreno, realmente uma conexão com a “Alma”.

Já a “Alma do Mundo” é o princípio que move todas as coisas, e no fundo tudo é uma coisa só. A Alma do Mundo é como se a Terra ou o Universo tivessem seus próprios quereres e vontades evolutivas.

Me parece, então, que, ao falar em evolução, há essa conexão entre o indivíduo e o cosmos, entre a alma individual e a alma do mundo, entre a fé individual e a de Deus, ou simplesmente “algo além de eu e você”. Por que haveria uma evolução apenas humana? Por que não acreditar que toda vida evolui?

A “Alma do Mundo”, - essa evolução universal do cosmos - se relaciona muito com algo que vi no treinamento Gaia Education, chamado “Hipótese de Gaia”. É uma loucura, mas é dessas que eu gosto - e se você ainda abre esses emails, imagino que também.

Do átomo às galáxias - A estrutura da vida em várias camadas

A vida se desenrola por diversas camadas, todas interligadas. Do átomo, às moléculas, células, tecidos, órgãos, organismos, populações, comunidades e ecossistemas.

Esses níveis interagem entre si e evoluem de maneiras distintas. O nível acima tem “propriedades emergentes”, algo que no nível abaixo é algo inimaginável, mas emerge de uma nova complexidade.

Eu, Pedro, sou um organismo em uma população de seres humanos, mas em mim há incontáveis bactérias que também vivem sua “individualidade”. Onde acaba e termina o “eu”? (falei que teria uma loucura, mas segue ai…)

Será que uma população de pessoas forma um novo “eu” em uma camada superior de consciência que ainda não sabemos?

Na Biologia acabamos por tomar a perspectiva do homem como centro do mundo, por razões óbvias, mas porque a evolução pararia ou se manteria na perspectiva do homem? Por que galáxias não são também um grupo biológico, e depois outros, assim por diante. A “Hipótese de Gaia” traz uma perspectiva interessante para isso.

Mas primeiro, uma história muito interessante em como surgiu essa hipótese e seu contexto.

A primeira vez que nos vimos do espaço

Na década de 60, todos os países lutavam pela corrida da ida à Lua. Todos os holofotes estavam virados para lá. Porém, os astronautas da Apollo 8 contam que uma das coisas mais fascinantes da missão foi olhar para a Terra pela primeira vez.

Nós como espécie nunca tinhamos se olhado no espelho. A Terra ali, tão frágil e pequena, nossos problemas do dia a dia tão ínfimos perto da imensidão do espaço.

O documentário contando essa história pelas palavras dos astronautas é algo apaixonante, sugiro que salve para ver depois (veja mais e abaixo):

Essa ida do homem à Lua, e a imagem da Terra, acabou incentivando os movimentos a ecologia e, consequentemente, a Hipótese de Gaia. O primeiro passo de todo processo de mudança é “se ver”, certo? Talvez o que mais encontramos nessa viagem espacial foi a nós mesmos e essa “Alma do Mundo”, que precisava despertar novamente.

Gaia - A Terra viva

Talvez você já ouviu falar em “Gaia”, mas não sei se ligou uma coisa à outra. Preciso citar que todo o meu contexto nesse tema foi do treinamento Gaia Education, um currículo internacional, baseado nos aprendizados de comunidades intencionais ao longo do mundo, que vivem em busca de novas e melhores formas de se viver.

A Hipótese de Gaia foi proposta por James Lovelock, um biólogo britânico que na época trabalhava na NASA, e sua principal proposição é de que a Terra está viva.

Créditos: Freepik

Eu gosto de explicar assim: Nós podemos ser como o sistema imunológico da Terra. Pode ser que os Humanos são parte de um todo maior, que não temos como ter consciência, da mesma forma que as bactérias no meu corpo não tem a compreensão do Pedro completo.

Histórias convergentes e o limite da ciência

Eu gosto muito dessa visão de “Gaia”, da mesma forma que a parte do corpo humano não compreende e tem a consciência do todo, talvez nós, humanos, não conseguimos imaginar o que é esse “ser”. As religiões também falam que Deus é tão perfeito e supremo que não conseguimos nem imaginar o que seria. Outros falam de uma “inteligência divina”.

A “Hipótese de Gaia” teve muitas críticas na comunidade científica, mas pode ser que está no limite entre ciência e espiritualidade, e certas coisas não teremos como “provar” com nossas mentes humanas mesmo.

Quando Paulo Coelho escreveu sobre a “Alma do Mundo” já existia esse conceito nascendo. Se há influência ou não, não sei, mas me parece um bom nome, “Alma do Mundo”, como se a Terra fosse um indivíduo que tem uma alma própria e seu próprio caminho de evolução, obviamente influenciado pelos organismos que ali vivem. As coisas se conectam e fazem sentido, mesmo que difícil de provar cientificamente.

Tá, mas o que isso influencia a minha vida? 

Mesmo parecendo algo muito etéreo e pouco prático, na minha visão ajuda a expandir a consciência. Entender que a vida tem uma inteligência, que a Terra está viva ou exista a “Alma do Mundo” são formas de buscar sentido. Olhar a grandiosidade do planeta e imaginar ele como um ser vivo é uma analogia que me agrada e me coloca como um grão de areia diante desse espetáculo que é estar vivo, traz humildade, expande os horizontes, ajuda a ter uma visão mais ecológica e espiritualizada.

Faz sentido? Ou te deixou confuso? Me conta ai o que achou.

Abraços,

Pedro.

Imagem de capa: Freepik

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