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Minha jornada em busca de um Segundo Cérebro
#013 - Dez anos tomando notas e o que aprendi no caminho

O que você verá aqui hoje:
O que é um Segundo Cérebro de uma forma geral
Como experimento desde 2013 formas de criar meu sistema de notas pessoal
“Segundo Cérebro” é um termo cunhado pelo Tiago Forte em seu livro “Criando um segundo cérebro”. O que é isso?
Em alguma medida você já faz uso de algum processo que “estende” sua mente, usando aplicativos como agenda, notas, gestão de tarefas e etc..
“Um repositório digital onde capturamos o que importa de uma forma que no futuro conseguiremos utilizar, tomar melhores decisões e ter uma vida mais plena.”
Conheci em 2024, mas o propósito do tema me acompanha desde 2013. Sou um apaixonado por como organizar melhor minhas leituras e notas, e testo há muitos anos modelos e formatos.
Em 2024 eu comecei a produzir conteúdo voltado a esse tema que tanto me apaixona, mas redirecionei para falar de outros aspectos da vida que também me interessam - e não focar apenas nisso de Segundo Cérebro.

Print do Substack inicialmente criado com 13 inscritos :)
Como nossos interesses e vontades vem de dentro para fora de forma recorrente, cá estou eu falando sobre isso de novo.
Entendo que é uma jornada para os “nerds”, aqueles esquisitos e esquisitas que, como eu, querem aprender a ler melhor, como tomar notas e lembrar do que se aprende.
Em geral a minha “dor” estava relacionada a como lembrar de coisas que lia. Acontecia de ler um livro inteiro e depois olhar para ele e não lembrar nada…já aconteceu com você? E isso já te incomodou a ponto de tentar algo?
Se você é uma dessas pessoas, me responde dando feedback, adorarei me conectar mais com o tema :)
A seguir vou contar um resumo da minha jornada de forma breve.
O início inconsciente
A primeira recordação digital que tenho em tomar notas de leituras foi em 2013 sobre o livro “Subliminar”. Por sinal, nem sei onde o livro está, mas o resumo está lá.

Print do Drive
Eu lia, anotava pontos interessantes, e buscava ir capítulo a capítulo tomando notas do conteúdo.

Exemplo de modelo de notas
Por que inconsciente? Por que eu nem tinha consciência em como ler livros de forma eficaz. Só fui aprender de fato a ler (estranho falar isso, né?) no mestrado em 2017 aproximadamente, a partir do livro “Como ler livros” de Adler e Van Doren.
Nesse momento era muito cansativo, passava horas e horas digitando tudo que lia, em um processo claramente pouco eficiente.
Notas a partir da leitura ativa - aprendizados de um mestrando

Na Coppe/UFRJ havia a disciplina chamada IOA - Introdução ao Ofício Acadêmico, uma disciplina onde o propósito era estudar melhor. Obviamente me apaixonei por isso e foram muitos aprendizados, realmente um divisor de águas para meu “Segundo Cérebro”:
Aprender a ler de forma inspecional
Aprender a fazer marcas e extrair conteúdo de livros
Aprender a fazer resumos visuais
Treinar um diário de bordo para reflexões
Entre outros…
Após ler o clássico “Como ler livros” aprendi a ter uma leitura ativa, entender o que tomar notas (não precisa ser tudo), e que não precisava ler linha a linha necessariamente para me apropriar do conteúdo.
Aprendi a como tomar notas de forma eficaz a partir de aulas ou treinamentos, usando o método Cornell:

Aprendi também a tomar notas de forma visual, o que o Domício, nosso professor, chamava de Vade Mecum:

Particularmente gosto muito desse formato por ser bem visual. Gosto de fazer à mão pois há uma magia e beleza em escrever e ver no papel, mas sempre digitalizando no então “Segundo Cérebro” no Google Drive, mesmo sem saber o que era o termo.

Continuei tomando notas e partindo para o Google Drive como um resumo. Testando também tirar foto e subir no documento para agilizar.

Tentativa - Passar notas para o Google Docs
Havia um dos entregáveis do curso onde devíamos planejar o “workflow de leitura” e sistema de marcas (como coleto, classifico, organizo notas. Como transformo isso em textos, etc). Lá em 2018 já estava estudando sobre “Segundo Cérebro” e não sabia.

Processo de gestão do conhecimento digital e papel para mestrado
A partir dali me tornei muito eficiente em como ler melhor e capturar o entendimento. Mas, ainda assim, o mestrado passou, e, por mais que o aprendizado em como ler tenha ficado, eu não tinha as notas acessíveis e de fácil recuperação.
A chegada do Segundo Cérebro
Conheci o Segundo Cérebro pelo Alan Nicolas no Instagram em 2023. No Natal de 2023 ganhei o livro “Criando um Segundo Cérebro” de presente, e, como aficcionado pelo tema, já me cadastrei em um curso do Alan em como usar o Obsidian (uma ferramenta digital), para criar meu segundo cérebro usando IA.

O Obsidian (sistema) tem alguma limitações (não tem versão web por exemplo e sincronizar com celular é difícil), especialmente se comparado com o Notion por exemplo, mas é bastante flexível e curti usar por algum tempo, tenho muitas notas lá (como mostra o gráfico de bolhas, cada “nó” a seguir é uma nota).

O curso na verdade era mais abrangente, falando sobre criação de conteúdo de uma forma geral usando o Obsidian. Me empenhei e usei por um bom tempo, mas sentia que faltava algo para buscar melhor as notas…
Conhecendo o método Remix em planilha
Novamente o algoritmo do Instagram me trouxe outra oportunidade. Um casal chamado de “Os Formagios” explicando como extraem conteúdos de livros em uma planilha, com um método próprio de marcação e armazenamento, chamado “Remix”.
Eles trouxeram algo que gostei muito, a ideia de estruturar em forma de planilha e não em texto corrido, tornando cada “nota” um item.

Tentativa - Minhas notas usando Planilha Remix (Os Formagios)
Tirei alguns bons insights desse curso, eles classificam as notas por tipo e depois transcrevem para a planilha e para o Notion também, formando um Segundo Cérebro bem interessante.
Eu testei a planilha e senti que, com meus aprendizados no Obsidian, conseguiria usar a estrutura de planilha junto a um sistema de notas mais robusto, como o Obsidian.
A arquitetura do meu sistema pessoal
Como já trabalhei muito criando produtos digitais, aprendi a criar requisitos e descrever as soluções que preciso. Tentei exaustivamente (e com alta dose de “nerdice”) desenhar uma arquitetura que me permitisse realmente ter tudo em um lugar só, desde tarefas, lembretes, projetos, notas e etc.

Desenhei, portanto, bancos de dados que precisaria e como eles precisariam estar relacionados. Por exemplo, se em uma nota eu quiser mencionar um outro autor e gerar um vínculo, bastaria dar um @autor e isso buscaria em minha base de autores.

Arquitetura do meu sistema pessoal
Eu sei, coisa de nerd, já tinha avisado.
Eu fazia esses desenhos complexos pensando “cara, quem nessa Terra se interessaria por algo assim” 😄😄. Mas, bom, eu me interesso (e se você ainda está lendo isso provavelmente também).
A definição da arquitetura foi um passo legal, me deu clareza e fez bastante sentido. Agora eu precisaria passar isso para um sistema, ou vários integrados.
A criação do sistema pessoal e o teste com o Anytype
Testei muitos sistemas, vi muitos vídeos no YouTube. Para citar alguns: LogSeq, Obsidian, Capacities, Roam, Anytype, Evernote, Tana, Mem, Heptabase, Scrintal, Notion, entre outros.
Se você colocar no Google “software segundo cérebro” vai se perder de tantas opções.
De todos que olhei um passou pelos testes finais, o Anytype. Ele se mostrou um casamento entre a facilidade do Notion com a visão de gráfico de notas conectadas do Obsidian (que o Notion não tem), além da segurança e privacidade, com um app que funciona.

Ele tem objetos estruturados que me permitiram criar a visão de planilha (o Obsidian é muito difícil de fazer isso, tentei com vários plugins):

Sendo assim, consegui ter minhas notas diárias, notas de leitura e classificação unindo tudo que tinha testado até então, parecia um ótimo caminho!
Porém, os estudos não param (e a curiosidade também não), e o caminho se faz ao caminhar…me aprofundei ultimamente no “Método Zettelkasten”, especialmente o módulo analógico (e esse é o teste atual - novembro de 2024).
De volta ao básico que funciona

Minhas notas sobre Felicidade, onde escrevi o texto da edição #012
Realmente, mesmo com toda essa tecnologia e organização, ao buscar uma nota e insight sentia ainda uma certa resistência e dificuldade, uma “dureza” no processo.
Conheci o Scott Scheper, autor do livro “Antinet Zettelkasten” em um vídeo do YouTube, com uma ideia tão estranha quanto atraente, ele tinha um sistema de notas analógico, onde escrevia seus pensamentos à mão, e simplesmente funcionada de um jeito eficiente.
Imagine a loucura de, em 2024, ousar indicar para as pessoas voltar a usar papel e caneta? Como assim não integra com o Obsidian? Como não utiliza IA de forma integrada? Como pode perder tempo escrevendo notas?
Pois é…eu gosto dessas loucuras.
Uma breve história: Desde a faculdade em arquitetura e urbanismo, em 2006, os professores já batiam na tecla de fazer os trabalhos à mão, mesmo que já houvesse os computadores e softwares modernos, pois “à mão” havia algo de diferente no processo criativo que o computador não daria conta.
E é verdade. Na faculdade resolvi ouvir os professores e testar, e eu conseguia entregar trabalhos mais rápido, mesmo usando um método mais lento.
Quando ouvi essa ideia um tanto quanto estranha de tomar notas à mão, lembrei dessa época, e o quanto eu gosto de fazer coisas à mão, e a agilidade que o processo me traz. Resolvi, portanto, dar uma chance.

Desde então eu comprei o livro, e decidi montar e experimentar minha caixa de notas.

A construção do MVP
O processo é sim lento e doloroso em alguns momentos, mas estou vendo resultados positivos!

Estado final da primeira versão
A primeira nota feita com exercício do livro:

Primeira nota feita
Estou testando esse modelo há alguns poucos meses, mas confesso que estou gostando, mesmo que haja resistências na minha mente.
O que vi como positivo:
O sistema força que haja um momento de pensamento consigo mesmo
Permite um equilíbrio que parece se sistentar no longo prazo
Não há muita coisa prescrita, podemos evoluir conforme necessidade
O que vi como negativo:
Não é portátil
Não é muito visual
Tem uma inércia e resistência em iniciar o uso
No fundo, acho que, independente do método, buscar formas mais eficientes de ler e compreender a leitura me ajudou a refinar o pensamento, mesmo que tenha dificuldade em compreender essa evolução.
Tenho muito ainda a contar do uso, mas quero primeiro saber, o tema interessa?
Um abraço!
Ess post deu origem à gravação de um episódio no podcast da Comunidade Ágil, veja mais: https://creators.spotify.com/pod/show/comunidade-agil/episodes/Episdio-141---Do-Segundo-Crebro--Organizao-Analgica-do-Conhecimento-com-Pedro-Grillo-e2tb6b7
🔭 Curadoria da semana
Referências do post
Pessoal
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Profissional
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