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O que faz uma boa vida?
#012 - Uma carta aos introvertidos

Quando eu tinha meus 15 anos, a felicidade não era algo que eu pensava muito.
Aos 25 já se tornou um tema dos mais importantes a começar a entender.
Hoje, com 35, consigo refletir um pouco e compartilhar aprendizados.
Uma dica:
A felicidade só é real quando compartilhada
O que faz uma boa vida?
Essa pergunta não é trivial. É, talvez, uma das mais importantes, especialmente se seu interesse é viver e não apenas sobreviver.
A grande dificuldade na minha visão é diferenciar prazer de felicidade. O prazer é como paixão, é fugaz e dura pouco.
Felicidade é um conceito multifatorial, mas o estudo mais antigo de Harvard demonstrou um fator chave, que, para mim, fez sentido conectando com minhas experiências.
Espero que faça sentido para você também.
A Roda da Vida
Em 2014, ao fazer minhas primeiras (de muitas) sessões de Coach com o Rodrigo Siqueira, ele me passou o exercício de olhar a Roda da Vida.
Resumidamente há 4 quadrantes e 12 aspectos, sendo:
Pessoal: Saúde e disposição, desenvolvimento intelectual, equilíbio emocional
Profissional: Realização e propósito, Recursos financeiros, Contribuição social
Relacionamentos: Família, Vida amorosa, Vida social
Qualidade de vida: Hobbies e diversão, Plenitude e Espiritualidade
(Obviamente podemos discutir se é isso ou não é isso, ver outras formas e fontes, mas, sempre que faço exercícios desse tipo foco mais em testar do que acertar o método. Por várias vezes na vida reflexões como essa me levaram a grandes movimentos, mesmo que poderia haver um método melhor - o que importa é a ação que gera.)
No exercício você se dá uma nota de 0 a 10 nos 12 aspectos. Esse exercício de “pontuar” nos aspectos é interessante pois nos dá uma visão mais ampla de onde focar esforços, e até onde podemos exercitar a gratidão por já ter um bom caminho percorrido.
Apesar de haver 12 aspectos, temos evidências do maior estudo já feito em Harvard sobre felicidade, que há um fator chave para ela.
O fator chave para a felicidade

Encontro em outubro de 2024 com bons amigos em casa - olha o presente que ganhamos 🙂 - dedico essa edição a eles
Segundo o estudo científico sobre felicidade mais longo da história (desde 1938) de Harvard, o fator chave para a felicidade são os bons relacionamentos.
O "Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto", iniciado há 85 anos na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos começou em 1938 com cerca de 700 adolescentes. Alguns deles eram estudantes de Harvard, outros viviam nos bairros mais pobres de Boston. A pesquisa os acompanhou ao longo de suas vidas, monitorando periodicamente suas alegrias e dificuldades, seu estado físico e mental. E agora, também inclui os parceiros e filhos dos participantes iniciais [1].
Esse estudo resultou em um famoso TED Talk, que deixo ao final para consultar e acompanhar se quiser.
O estudo demonstrou que [1]:
As pessoas que têm relacionamentos mais calorosos permanecem fisicamente mais saudáveis à medida que envelhecem
Relacionamentos podem torná-lo menos propenso a desenvolver diabetes tipo 2 ou doença arterial coronariana
Solidão e o isolamento são estressantes
Cuidar de nossos relacionamentos é como exercitar um músculo
Entre outros…
A frase trazida no início começa a fazer sentido: “A felicidade só é real quando compartilhada”. Obviamente aqui “compartilhada” não quer dizer exposta ou postada em mídias sociais. Minha leitura é que o “compartilhada” quer dizer que a felicidade é real fora de si mesmo, para além do “eu”, indo ao encontro do outro.
A verdadeira felicidade neste mundo está na proporção do esquecimento próprio
Pela minha experiência posso afirmar que fez sentido, e, se você, como eu, é uma pessoa introvertida por natureza, acho que pode se interessar pela história.
O mundo interno e a abertura aos relacionamentos
Se você não conhece essa imagem, é de um filme que me marcou muito, certamente o meu preferido, chamado “Into the Wild", ou “Na Natureza Selvagem”.
Para se ter uma ideia o tema dele foi a música no meu casamento, a frase que citei é meu status no whatsapp, quem me conhece sabe o quanto valorizo, tanto que um amigo já me deu o livro que embasou o filme de aniversário.
O filme é baseado na vida real de Christopher McCandless, um jovem que abandonou suas posses e bens e foi viver a vida no Alasca, em busca de uma vida mais natural.
Sem querer dar spoiler se ainda não viu, em dado momento ele se percebe sozinho, e tudo que idealizava começou a não fazer sentido sem ter com quem compartilhar. A moral da história é que ele cai na real que “A felicidade só é real quando compartilhada”. Se ainda não viu, assista.
Esse filme me marcou demais pois me identifiquei com o protagonista.
Quando mais novo tinha em mim traços de egoísmo e querer viver essa vida aventureira sem muitas raízes.
Especialmente em relação a relacionamentos amorosos, assim que comecei a namorar a Julia (hoje esposa), me lembro claramente de ter comportamento egoísta e tendencias ao isolamento:
Não me abria ao relacionamento
Queria “ganhar” as discussões e tudo tinha que ser racional e do meu jeito
Meu sonho era viajar pelo mundo, sem criar raízes
Amava ficar trancado lendo livros sem perturbação
Me afundava em músicas como “The End” de Jim Morrison
Via filmes cabeça sozinho tipo “2001 Uma Odisseia no Espaço”
Entre outros…
Pensando bem, a felicidade para mim só era real quando solitária. E é até um pouco triste lembrar isso. Ainda bem que passou! A Julia brinca hoje que eu era uma pedra bruta que ela ajudou a lapidar - e foi mesmo!
Não é que eu era uma má pessoa, na verdade sou introvertido por natureza e demorei a achar o equilíbrio entre o que me energiza e me drena energia, a diferença entre prazer e felicidade.
Com o tempo, aprendi que “a felicidade só é real quando compartilhada”.
Hoje tenho plena convicção que meu relacionamento com a Julia, estreitar laços com a família e fortalecer relações de amizade são a coisa mais preciosa que poderia ter focado.
Como falei, não foi sempre assim e, ainda hoje, requer esforço ativo. Aprendi a demonstrar vulnerabilidade, me abrir ao outro, me conectar com as pessoas, criar empatia e desenvolver capacidade de engajar e liderar.
Quem me conhece atuando profissionalmente hoje talvez não imagine esse interior egoísta e que gosta de se isolar, pois trabalho basicamente com pessoas, engajando em mudanças organizacionais e promovendo conversas em grandes grupos.
O bom é que é uma habilidade treinável! Aprendi a me encontrar no outro. Gosto desse momento de escrita solitário, mas é na conversa que o mundo acontece. Essa conversa rompe o véu do egoísmo e nos constrói.
Facilmente sonharia em viver de leituras, ver filmes, viajar apenas. Deus me livre alcançar esse sonho, a felicidade está na aplicabilidade dos estudos, na conversa que o filme gera interna e externamente, nas viagens compartilhadas.
Parece que minha escrita está conectada com a do Alex Bretas, que essa semana postou mais uma reflexão que encerra bem esse post:
É Indo Ao Encontro Do Outro Que Tenho Notícias De Mim
Curtir a solidão é ótimo, eu curto, mas hoje penso que não é o que traz felicidade.

No último final de semana fiquei muito feliz pois consegui ter encontros significativos, e passou um filme pela minha cabeça, o qual contei um pedaço a você hoje.
Há alguns anos isso é algo que intencionalmente venho trabalhando e foi muito bom perceber como realmente é significativo e como deu frutos.
Portanto:
Cuide dos seus relacionamentos
Se é introvertido, aprenda o que te energiza mas aprenda a ser com o outro
Demonstre gratidão pelas pessoas
Elogie e escute verdadeiramente alguém no trabalho
Aproveitando, a minha jornada de escrita é feita também por essa relação.
O que acha de me responder a esse email dizendo o que achou? (ou se leu na Web mandar como achar melhor) 😉
Faça como o amigo Fabricio na edição #011 e me conte o que está achando:

Ou como minha fã número 1, minha mãe, que discordou sobre um ponto e até erro de português já pegou:

Vídeo TED sobre o estudo de Harvard sobre “O que faz uma boa vida”?
Link da pesquisa: https://www.adultdevelopmentstudy.org/
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